Em 28 e 29 de novembro rolou a RubyConf2019. Mais uma vez a Locaweb trouxe junto com a comunidade um evento cheio de discussões sobre a linguagem amiga do programador e mais. Foram 34 palestras abordando questões técnicas, de carreira e mercado e até sobre saúde mental do programador.
Uma semana depois do evento, o grupo de campuscoders da Rebase se reuniu para comentar os melhores momentos e compartilhar as boas ideias vistas nas palestras. O grupo é de devs com variadas experiências e tempo de código, o que trouxe diferentes pontos de vista e uma discussão muito bacana. E aqui estão os highlights desse bate-papo pra você =)
O assunto mais falado
A variedade de temas foi um dos pontos altos da RubyConf. Mas o assunto mais falado no evento foi DDD (Domain-Driven Design). Foram 3 palestras com o tema: "Começando a modelar sua aplicação Ruby com DDD" (Daniel Dias), "Encontrando equilíbrio do DDD enquanto sua aplicação cresce" (Carolina Karklis) e "Domain Driven Rails" (Gabriel Ferreira).
Com tantas informações acerca do assunto, os campuscoders pontuaram algumas questões. Luis Arantes diz que "DDD aproveita melhor a questão da orientação a objetos e faz os projetos ficarem com menos [i]service objects[/i]". Um consenso parece ser a ideia de que só é possível aplicar realmente o modelo se for um projeto maior e nem sempre desde o começo do desenvolvimento. "No início do projeto, você não consegue saber como replicar tudo na arquitetura, mesmo conhecendo toda a estratégia do negócio", diz André Benjamim. Arantes acredita que, dependendo do caso, provavelmente não se consegue aproveitar o DDD no projeto como um todo. Para Mateus Braga, a sensação é que mesmo que se siga à risca, não é possível aplicar 100%.
Considerando tudo o que foi compartilhado, "é menos doloroso refazer no futuro, do que ficar 2 meses planejando algo para ser feito", diz Renan Paffaro. Benjamim complementa que em projetos sem a aplicação do modelo "no código legado, é possível só cuidar dos emaranhados e avaliar o que vale a pena manter, reestruturar e mudar." Teoricamente, DDD se mostra uma boa arquitetura, mas ao que tudo indica não tem uma aplicabilidade viável a todos os projetos.
Senso de comunidade
Os campuscoders também elogiaram o evento ter um caráter de abraçar quem chegou agora no mercado. "Palestras para diferentes níveis de conhecimento, incluindo as trilhas da Codamos", como observou Ana Dubas, são uma excelente porta de entrada no mundo da tecnologia.
Acessibilidade e tecnologia
Para quem esteve presente em outras edições, foi mais fácil perceber a importância de ter uma palestra sobre acessibilidade no palco principal ("Existe teste de acessibilidade digital?", por Maurício Pereiro e Flávio Correia).
Sabemos que ainda há muito a ser discutido, incluindo a necessidade de olhar para a acessibilidade das aplicações como uma entrega básica e não como um diferencial. Mas ver esse assunto ser levado como destaque foi um dos pontos altos do evento.
Apesar disso, alguns devs pontuaram uma questão importante: ainda há muitos palestrantes brasileiros produzindo conteúdo em inglês. Na RubyConf não foi diferente: alguns traziam slides em inglês, outros até o resumo da palestra estava em inglês na programação. E não tinha tradução simultânea.
É legal perceber que muitos devs estão começando a pensar sobre questões como essa.
Cuidado! Quando você fala para um pessoa que está começando na área de tec que ela tem que saber inglês, você pode estar tirando a verdadeira oportunidade dela. Nem todos tivemos os mesmos privilégios, tem gente que só quer fazer uns códigos pra ter a próxima refeição suave!
— Marco Bruno 🤡 (@marcobrunobr) December 6, 2019
Mesmo sabendo que o inglês é a língua oficial do código, acreditamos que trazer conteúdo em português é essencial para que mais pessoas sejam impactadas pelo fazer tecnológico. Especialmente para quem está começando a trilhar uma carreira em desenvolvimento, obter informações em uma língua que não é nativa pode ser uma barreira. Fica o questionamento: por que não estamos sendo acessíveis no compartilhamento de ideias?
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Colaboraram: Allan Siqueira, Ana Dubas, André Benjamim, Diogo Oliveira, Fabricio Bezerra, Felipe Endo, Kamyla Aragão, Leticia Mayumi, Luis Arantes, Mateus Braga, Patrick Natan, Paula Perussi, Renan Paffaro, Reynaldo Limoli e Vinicius Pereira.