Sabe quando você tem algo para fazer e fica adiando, deixando para depois porque outras demandas surgem, mas nunca toma coragem para começar? Esse é um sinal clássico de procrastinação. Ela é uma estratégia de defesa utilizada pelo nosso cérebro quando precisamos desenvolver qualquer atividade que consideramos difícil. São criados mecanismos para desviar a nossa atenção e “formular justificativas” para que nosso esforço seja focado em algo mais simples e prazeroso. Exatamente por conta desta recompensa imediata de prazer que a procrastinação é comum e fácil de acontecer.
Esse sistema de defesa, normalmente, associa a atividade que precisa ser feita com algo doloroso. Então, quando pensamos em realizar a tarefa ou estudar o assunto, o nosso cérebro remete a um sentimento de desconforto e dor. Por conta disso, inconsciente ou conscientemente, começamos a 'adiar' a atividade, sempre encontrando desculpas para justificar tal prorrogação.
Nem sempre as desculpas são fáceis de identificar, muitas vezes, até parecem ser a atitude mais lógica a ser seguida. "Vou finalizar este projeto, para depois iniciar aquele outro." "Só vou estudar este assunto quando já estiver dominando bem aquele outro." "Vou concluir o curso de alemão quando meu inglês estiver mais fluente." São inúmeras as estratégias que criamos mentalmente para adiar certas tarefas ou estudos.
Pesquisas mostram que quanto mais abstrato é o aprendizado, maior a nossa tendência a procrastinar. E programação é algo bastante abstrato. Quem de nós já não se assustou ao ver um grande bloco de código escrito e não entendeu nada nada? Isso acontece porque o grande bloco refere-se a algo bastante abstrato. Para entender essa construção abstrata, precisamos de um certo esforço mental. Então o cérebro, visando continuar no seu estado de conforto e tranquilidade, inicia a geração de justificativas.
Quando temos motivação para aprender, iniciamos o processo e rapidamente percebemos que o entendimento não era tão difícil quanto pensávamos. Quem nunca deixou para entregar um trabalho de escola ou de faculdade quando já se achava sem tempo para tal? A escassez de tempo, aliada à necessidade de entregar uma solução, muitas vezes foi o motivador para avançar e vencer a procrastinação. A conquista e o dever cumprido também são sensações percebidas logo após iniciarmos a resolução do problema. É quando o sentimento de desconforto passa.
Treinar o cérebro para vencer a procrastinação
Estudos mostram que o pensamento humano transita entre um modo "focado" e um modo "difuso". O modo focado é quando há intenção de resolver um problema: seja entender um assunto ou construir um programa. Há uma grande atividade mental e intencional que utiliza uma quantia significativa de energia mental.
Já o pensamento difuso, bem menos estudado e compreendido, consiste nas conexões que o cérebro realiza quando estamos descansando, assistindo a um filme ou dormindo. É o momento em que as associações são realizadas. O pensamento procura se organizar para inserir o novo conceito aprendido.
O cérebro realiza vínculos de informações durante momentos de descontração. Quem já sonhou resolver um problema ou programar? Ou até em outra língua? O sonho é resultado do modo difuso do pensamento realizando as conexões e organizando ideias.
A Técnica Pomodoro
Pesquisas demonstraram que, logo após iniciarmos a tarefa que estava sendo adiada e que supostamente é "dolorosa", o sentimento de desconforto passa e surge o de conquista, com a sensação de dever cumprido e de algo prazeroso. A Técnica Pomodoro trabalha com os modos focado e difuso e ajuda a vencer a procrastinação. Ela consiste nos seguintes passos: Estude a matéria de modo focado, realmente querendo entender cada conceito por 25 minutos. Não permita interrupções durante este tempo de 25 minutos. Foque em aprender sobre o assunto. Após finalizar o tempo, reserve 5 minutos para fazer algo que ache prazeroso. Descansar, ouvir uma música, conversar, caminhar, qualquer coisa que lhe dê prazer. Repita o processo em intervalos intercalados de tempo. Você pode aliar a técnica Pomodoro com outra atividade que não ofereça resistência, como ler os e-mails. Deixe o modo difuso entrar em ação e absorver o conhecimento adquirido. Com isso, estamos treinando o nosso cérebro a não procrastinar.
Vários fatores são importantes para o processo de aprendizado. Os mais conhecidos são: repetir a leitura do assunto em outros dias durante a semana, ensinar a si mesmo ou a outra pessoa e fazer mapas mentais, entre outros. Todos estes métodos utilizam o modo focado de estudos.
Além do modo focado, devemos ter atenção também com o modo difuso. O ideal é realizar exercícios físicos, ter uma alimentação balanceada, momentos de descanso e uma boa noite de sono, porque é nesse momento que o cérebro está formando as conexões e ajustando os novos conhecimentos aprendidos.
A persistência, a repetição, a troca de ideias com outras pessoas, o descanso e momentos de lazer, tudo isso colabora para que tenhamos sucesso no aprendizado e consigamos vencer a procrastinação.